Arte como testemunho da criatividade ou do génio de um povo

por Paulo Esteireiro, em JM-Madeira

Nos índices internacionais de inovação, é comum avaliar-se o nível de criatividade e de capacidade de inovar de uma organização, pela quantidade de patentes produzidas e pelo seu impacto académico e comercial. Se tivermos em consideração a importância da inovação para a competitividade de uma organização ou mesmo de um país, é natural que a questão da inovação e os seus impactos comerciais tenham passado a fazer parte do nosso quotidiano. Como é possível sermos mais inovadores? Como é possível fazermos diferentes das outras organizações? São questões que se tornaram habituais na atualidade, inclusivamente nas áreas artísticas.
No entanto, no domínio das artes a questão ganha alguma complexidade, devido às especificidades do meio artístico. É certo que poderíamos reduzir a arte a questões de mercado e medir a inovação artística, de um país ou de uma organização, pela quantidade de obras originais criadas e o sucesso ou o impacto comercial que têm junto da comunidade. São indicadores sem dúvida relevantes. Apesar disso, é também essencial referir, como faz Mário Vieira de Carvalho – investigador e ex-Secretário de Estado da Cultural –, que a arte tem uma dimensão de mercadoria, mas que não se reduz apenas a essa dimensão. As artes têm principalmente um “papel fundamental na educação e na formação cívica, na expressão de valores identitários, na constituição do legado através do qual se transmite, ao longo dos séculos, o testemunho da criatividade ou do génio de um povo.” É exatamente por estes motivos que o ensino artístico e o fomento das artes integram atualmente as políticas públicas dos Estados europeus.
Na Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia (DSEAM) tem-se procurado muitas vezes fazer este difícil balanço entre a liberdade criativa e os interesses imediatos do mercado, principalmente devido à necessidade de sustentabilidade dos projetos. Ou seja, ao mesmo tempo que se procura defender o património artístico regional e transmitir esse legado às novas gerações – uma das missões centrais de uma estrutura educativa como a DSEAM –, tem sido prática habitual incentivar a criação de produtos artísticos originais e inovadores, que promovam as artes e os artistas regionais, através de espetáculos, produtos audiovisuais ou edições, com propósitos simultaneamente artísticos e comerciais.
Por exemplo, no plano editorial, a DSEAM vai lançar esta quinta-feira, 9 de março, às 11h30, no Auditório da DSEAM, a sua 161.ª edição: o livro com DVD “O Nobre Elefante”. Esta edição foi produzida no âmbito do plano editorial da DSEAM e é mais uma prova da forte aposta deste serviço da Direção Regional de Educação na produção de conteúdos originais, principalmente de autores e artistas regionais. A história foi criada e dramatizada pela Equipa de Animação da DSEAM, que a produziu inicialmente num conjunto muito alargado de creches, jardins-de-infância e escolas do 1.º ciclo da Região Autónoma da Madeira. Posteriormente, a história foi ilustrada, paginada e gravada em vídeo pela Divisão de Investigação e Multimédia da DSEAM, unidade orgânica responsável pelo plano editorial da DSEAM. Este plano editorial é um forte motor de inovação e visa criar oportunidades aos autores regionais e das áreas artísticas, para publicarem obras originais e inovadoras. Por exemplo, nos últimos três anos, foram publicados 159 autores, num total de 27 publicações (uma média de 9 edições originais por ano). Esta forte componente editorial de conteúdos originais é, sem dúvida, uma das demonstrações visíveis da capacidade inovadora da DSEAM.

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