Os 5 melhores motivos para assistir ao musical "Grito de Esperança"

por Paulo Esteireiro em JM-Madeira

Nos próximos dias 25, 26 e 27 de novembro, será possível assistir à estreia mundial do Musical “Grito de Esperança”, um dos momentos altos das comemorações dos 40 anos de autonomia, organizadas pela Assembleia Legislativa da RAM e pelo Governo Regional da Madeira. Os espetáculos decorrem no Auditório do Centro de Congresso da Madeira (Casino) e envolvem mais de 140 artistas, a maior parte deles crianças e jovens da região. O espetáculo é coordenado pela Secretaria Regional de Educação, através dos Serviços de Educação Artística e Multimédia, que já produziram diversas óperas, bailados e musicais originais num passado recente. Se é verdade que a oportunidade de assistir a uma estreia mundial é já um motivo importante para presenciar este musical, também é verdade que existem outros motivos igualmente relevantes, que tornam imperdível este espetáculo. Aqui ficam aqueles que considero serem os cinco melhores motivos para não perder este evento:

​1.‘‘É uma história de homenagem aos madeirenses”. Apesar de não ser uma história linear e convencional, este musical procura homenagear a luta dos madeirenses por uma vida melhor. Como refere a autora do libreto do musical, Carolina Basílio, a «esperança por uma vida melhor, e a luta efetiva pela mudança, foram as forças motrizes da peça, que acabou por culminar numa homenagem aos madeirenses que nunca desistiram de lutar pelo melhor para si mesmos e para as gerações seguintes, e que ainda hoje, o fazem.»

​​2.“É cada vez mais rara a oportunidade de ver teatro com uma orquestra e um coro ao vivo de grandes dimensões”. Atualmente, por razões puramente económicas, as peças de teatro com música têm grupos de instrumentistas e cantores cada vez mais pequenos. Por vezes, em alguns casos, até se usam gravações em vez de músicos ao vivo. Assim, assistir a um musical com uma orquestra de 32 músicos e um coro de 50 vozes (infantis, juvenis e homens) é uma oportunidade rara na região. É de realçar a presença dos cordofones tradicionais madeirenses na composição desta orquestra.

​​3.“É uma oportunidade de apoiar os artistas regionais”. Cada vez mais, o apoio da comunidade envolvente é essencial para uma sociedade ter artistas de qualidade. Se não houver este apoio, corremos o risco de no futuro sermos uma região com pouca ou nenhuma produção artística regional. Pessoalmente, acredito que este é um ponto em que estamos todos de acordo e que se trata de um cenário a evitar. Relembro que em palco estarão 142 artistas – maioritariamente crianças e jovens –, entre músicos, cantores, bailarinos e atores. A melhor forma de agradecer e reconhecer a criatividade, a inovação e a performance de tantos artistas madeirenses, seria ver os três espetáculos esgotados.

​​4.“É uma oportunidade de assistir a uma obra importante de um dos mais jovens e talentosos compositores madeirenses para teatro: João Caldeira”. É sabido que a união entre música e teatro tem imenso potencial. Ao longo da história, os principais compositores têm sabido explorar esta relação e criado números artísticos diferenciados, com o propósito de interpretar corretamente as personagens e os diferentes momentos da ação, utilizando linguagens musicais próximas do discurso (recitativos), canções (árias), partes orquestrais e danças. No caso do compositor João Caldeira, é-lhe reconhecida a capacidade para saber articular as componentes da dramaturgia de uma peça, tal como demonstra o seu seguinte testemunho acerca da música de “Grito de Esperança”: «o conteúdo musical procura refletir todas as “nuances”, emoções; procura descrever cada personagem por aquilo que cada uma representa; e reforça o peso emocional de cada cena para que o público consiga captar, de uma forma mais enriquecida, todas as cenas desta obra.»

​​5.“Finalmente, é uma oportunidade de ter uma experiência emocional e intelectual diferente do habitual”. O conceito da música como uma experiência intelectual emergiu principalmente na segunda metade do século XVIII. Este musical procura seguir essa linha e constituir uma experiência emocional, mas também intelectual para os espectadores. Como refere o diretor artístico e encenador Miguel Vieira, este musical «serve-se de uma linguagem estética e dramática contemporânea, procurando ir ao encontro de uma linguagem atual e própria dos nossos dias e meios de comunicação. […] Pretende-se inovar, numa linguagem atual e própria dos nossos dias, onde as tecnologias e meios cibernéticos, se misturam com as realidades atuais, passadas e futuras. Para esta vertente intelectual e emocional do espetáculo, também é muito importante o trabalho de criação coreográfica desenvolvido pela bailarina Juliana Andrade, que dividiu a dança, no musical, em dois trabalhos distintos: o corpo de baile e dois bailarinos, que irão ter um papel central na ação, ao nível do teatro e da música.

Por tudo isto, creio que existem bons motivos para não perder este espetáculo único na região. Creio, igualmente, que é de salientar o trabalho desenvolvido na última década pela Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia, na produção de espetáculos que unem teatro e música e que são arrojados esteticamente. Nos últimos anos, a DSEAM produziu três adaptações de óperas clássicas e românticas; um bailado original; duas óperas originais: e dois musicais originais. Há um percurso estético realizado com o público e o musical “Grito de Esperança” é mais um momento desse caminhar artístico.http://www.jm-madeira.pt/artigos/os-5-melhores-motivos-para-assistir-ao-musical-%E2%80%9Cgrito-de-esperan%C3%A7a%E2%80%9D

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