Sérgio Borges (Parte II) “O vencedor do Festival RTP da Canção”


Na primeira participação de Sérgio Borges no Festival RTP da Canção, em 1966, o músico madeirense alcançou uma brilhante classificação com a canção «Eu nunca direi adeus» – um honroso 2.º lugar –, tendo apenas ficado atrás da cantora Madalena Iglésias, que ganhou com a famosa canção «Ele e Ela».

A sua boa prestação no Festival e o sucesso alcançado nos dois anos anteriores foram inclusivamente reconhecidos pela imprensa escrita, que não ficou alheia à qualidade do cantor madeirense. No mesmo ano, em 1966, a crítica escrita premiou o enorme sucesso de Sérgio Borges com o “Prémio da Imprensa” ex-aequo com a cantora Madalena Iglésias, na rubrica Música Ligeira – cançonetista.

O cantor madeirense «não disse adeus» ao festival e, quatro anos mais tarde, o primeiro prémio não fugiu a Sérgio Borges. Assim, em 1970, o cantor concorreu com a canção «Onde vais rio que eu canto», com música da autoria de Carlos Nóbrega e Sousa e letra de Joaquim Pedro Gonçalves.

A música cativou o júri e alcançou a maior votação da noite: 84 pontos. Saliente-se que, entre os concorrentes de Sérgio Borges, encontravam-se alguns dos cantores históricos da canção portuguesa, que ficaram com pontuações bem mais humildes. Fernando Tordo, por exemplo, alcançou uns pobres 3 pontos e Paulo de Carvalho não ficou muito melhor, tendo recebido do júri apenas 24 pontos.

Infelizmente, o insólito aconteceu e Sérgio Borges não teve a sorte de participar no Eurofestival. Em TODAS as edições da Eurovisão, saliente-se, esta foi a única vez que Portugal não participou no festival europeu por vontade própria. A história é simples e vergonhosa. Em 1969, houve protestos por toda a Europa no final do Festival da Eurovisão desse ano, que decorreu em Madrid. Portugal depositava grandes esperanças na canção “Desfolhada” (cantada por Simone) e essas expectativas saíram goradas. A piorar a situação, a canção inglesa, que era considerado por muitos como a pior de todas do festival, ficou entre as 4 primeiras (!). Factos como este alimentaram os boatos de "arranjos" e votos "comprados" no Eurofestival, com especial dedo indicador apontado às empresas discográficas, e motivaram a revolta de alguns países. Resultado: Portugal e outros países não participaram em 1970. Em 1971, fizeram-se algumas alterações ao modelo da Eurovisão e Portugal voltou a participar no festival europeu sem mais interrupções.

Quem sofreu com o mais negro episódio da Eurovisão foi Sérgio Borges, que viu assim impossibilitada a hipótese de participar no plano europeu, por motivos que lhe foram completamente alheios. Deste modo, nunca saberemos a votação que Sérgio Borges alcançaria do júri internacional.

O que sabemos é o nome da cantora portuguesa que teve a melhor prestação de sempre no festival europeu. Ainda se lembra?... Pense um pouco... Não... Também não...
A melhor votação de sempre de um português na Eurovisão foi alcançada por Lúcia Moniz, em 1996, com a canção "O meu coração não tem cor", que trouxe para Portugal um óptimo 6º lugar.

Comentários

Bel disse…
Ia jurar que a Lucia Moniz tinha ficado em quinto, mas devo estar enganada.
Tenho pena que hoje nem sequer se viva o festival mas tambem enviam para lá cada um que até assusta.
boa semana
Anónimo disse…
Esperava um pouco mais desta " biografia" E que tal a história do Conjunto Joao Paulo? Agradecia muito.