Carmen de Bizet


A Grande Ópera de Kazan vai apresentar a Carmen de Bizet em Portugal. Os espectáculos estão marcados para o Coliseu do Porto (18 de Outubro); para o Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz (19 de Outubro); e para o Coliseu dos Recreios em Lisboa (20 e 22 de Outubro).

Fundada em 1939, a Grande Ópera de Kazan tem ganho algum protagonismo devido às várias digressões internacionais que tem realizado. Anualmente, esta Companhia de Ópera fixa residência na Holanda, durante três meses, e aí realiza diversos espectáculos, partindo posteriormente em digressão por alguns dos principais teatros da Europa, América do Norte e Japão.


A ópera escolhida para a digressão deste ano – Carmen de Bizet – garante logo à partida o sucesso para qualquer Companhia de Ópera. Carmen é uma das óperas mais entusiasmantes e populares do mundo, sendo uma das melhores obras para quem queira se iniciar no mundo da ópera. No plano musical, Carmen é uma sucessão de “hit songs”, que povoam o nosso quotidiano, desde os anúncios de publicidade, passando por alguns filmes de cinema e pela quotidiana “música de elevador”, até, agora, aos toques dos nossos telemóveis. Em suma, mais de 100 anos após a sua composição, as melodias desta ópera são familiares até a quem nunca entrou dentro de um teatro de ópera, sendo difícil encontrar alguém que não conheça, por exemplo, as melodias de “Habanera” e da “marcha dos toureiros (toreadors)”.

No plano literário, o libreto foi escrito por Henri Meilhac e Ludovic Halévy, que se basearam no romance homónimo do autor francês Prosper Mérimée. O Argumento é bem exemplificativo do período romântico, estando repleto de cenas que deviam povoar o imaginário europeu e o desejo de aventura da época: amores voláteis iniciados em paixões loucas, contrabandistas e ciganos, touradas, ambiente militar recheado de soldados e uma Espanha exótica, palco de incertezas e aventuras.



A intriga é largamente conhecida e pode ser sintetizada do seguinte modo. D. José de Navarro deserta do exército e foge para as montanhas, tornando-se contrabandista e ladrão, para seguir a cigana Carmen, por quem se apaixonou loucamente. O amor é correspondido e intenso, mas, no entanto, o romance dura pouco e Carmen apaixona-se pelo toureiro Escamillo, decidindo acabar o relacionamento com D. José. Após algumas peripécias, D. José, roído por ciúmes, mata Carmen, quando esta recusa o seu pedido de desespero para o não abandonar.

Este lado pouco heróico e extremamente humano da ópera Carmen, juntamente com as suas melodias simples e emocionalmente directas, tornaram-na na ópera predilecta de Nietzsche, que se confessava cansado dos excessos Wagnerianos e via em Carmen um objecto artístico de inspiração para reflexões estéticas (principalmente, um argumento contra o que considerava os histerismo e artificialismos da música de Wagner). «Ontem […] escutei pela vigésima vez a obra-prima de Bizet. […] De cada vez que escutei a Carmen, senti-me mais filósofo [...]. Aquela música parece-me perfeita. Avança, leve, suave, delicada.»

A direcção musical está à responsabilidade do maestro Renat Salavatov, que já foi o director de orquestra da Ópera de Munique (1991-1995) e maestro da orquestra da Ópera Real da Suécia (1994-2000). O elenco é constituído por uma mistura de cantores experientes, principalmente nas vozes masculinas, e outros mais jovens (no caso da generalidade das vozes femininas). No papel de Carmen vão estar as jovens mezzo sopranos Natalia Evstafieva, Larissa Andreeva e Ekaterina Egorova, enquanto que no papel de D. Jose vão estar os tenores Akhmet Agadi e Vladimir Bogachev. Merecem ainda destaque o barítono Fedor Mozhaev (Escamillo) e as sopranos Tatiana Bogacheva e Nurzhamal Usembaieva (ambas no papel de Micaela).

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