“The best of FADO : vol3” é uma bela colectânea, que ilustra bem a variedade do fado no plano sentimental e a evolução do género.
Ao contrário do que muitas vezes se afirma, o fado é uma canção flexível e que consegue expressar um conjunto de emoções bastante variado. Por exemplo, ao ouvirmos este disco do início ao fim, presenciamos autênticos retratos literários e musicais de Lisboa e dos seus habitantes, através de fados e fadistas que marcaram a cidade ao longo dos últimos 50 anos e que fazem parte do imaginário lisboeta.
No plano das personagens de Lisboa temos: o retrato da varina em Maria Lisboa, de Amália e o homem adúltero em Não venhas tarde, de Carlos Ramos. Já no amor pela cidade e ao seu ambiente salientam-se: a descrição orgulhosa de Lisboa em Lisboa é sempre Lisboa, de Tristão da Silva e em Lisboa Antiga, de Tony de Matos; o ambiente das ruas de Lisboa em Vielas de Alfama, de Max e n’A Rua Mais Lisboeta de Hermínia Silva. No plano amoroso, realçam-se os eternos lamentos pelos desgostos de amor em Duas Lágrimas de Orvalho, de Carlos do Carmo e em Fado Errado, de Maria da Fé. Finalmente, o incontornável lado religioso em Pintadinho, de Maria Teresa de Noronha.
No plano da evolução do fado, “The best of FADO : vol 3” consegue ainda mostrar o percurso do fado de um género mais castiço e interpretado por vozes honestas mas nem sempre de grande qualidade (Alfredo Marceneiro, Maria Teresa de Noronha, Carlos Ramos, Tony de Matos, etc. com honrosa excepção para Amália) para um género profissional e internacional encabeçado na nova geração por Mariza.
“The best of FADO : um tesouro português : vol 3”, 61’32’’, EMI
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