A recriação da antiga Orquestra do Salão Jardim Passos Manuel proporciona-nos uma viagem até ao ambiente de glamour, que se vivia no salão Jardim Passos Manuel da cidade do Porto nas primeiras décadas do século XX. Criado com base nos modelos dos jardins parisienses do início do século, salão portuense tinha uma orquestra residente que apresentava os maiores êxitos musicais europeus da época. O repertório deste álbum reflecte bem os vários géneros de danças de salão que então reinavam: Fox-Trot (No foolin), Valsa (Waltzerträume, Roses d’automne e Royale Espagne), Tango (La Bailarina), Rag-Time (Grizzly Bear), Marcha (Eljen a Magyar) e Two-Step (American Life).
São danças extremamente melódicas, muito claras formalmente e com compassos musicais bem acentuados, como convém a quem dança, naturalmente. Ao ouvir as melodias destas danças parece que a vida nunca corre mal – e mesmo quando corre é apenas por breves momentos, voltando logo de seguida ao normal. Numa perspectiva meramente musical, comparando os espaços de dança do início do século XX com os espaços de dança actuais, a conclusão é evidente: ao ganho em tecnologia e em energia musical correspondeu uma enorme decadência melódica, de virtuosismo e orquestração.
Orquestra do Salão Jardim Passos Manuel do Coliseu do Porto, 56’28’’, Numérica
Comentários