Blind Zero “The Night Before and a New Day”.




Os Blind Zero estão de volta com “The Night Before and a New Day”. Ao contrário do que seria de esperar, o carácter geral do álbum é pouco enérgico. Ao longo das catorze músicas que constituem o disco são raros os momentos poderosos e vigorosos, sendo mais frequente um carácter algo nostálgico, magoado e mesmo cansado.
O disco está inegavelmente bem produzido e tem músicas de nível profissional. Apesar disso, “The Night Before” é algo previsível e por vezes um pouco aborrecido. É certo que musicalmente o disco tem valor: os temas são melodiosos, os contrastes formais estão bem realizados, os timbres encaixam bem (alguns efeitos sonoros da guitarra eléctrica são inclusivamente muito agradáveis e bem inseridos nas músicas), algumas métricas são interessantes e, numa música ou outra, os Blind Zero introduzem mesmo harmonias arrojadas. No entanto, tudo é bastante previsível. Falta-lhes aquela fantasia e alguma loucura surpreendente – a que alguns chamam inspiração –, que consegue apaixonar-nos pela música e manter-nos “colados” do início ao fim de um disco.
E esta lacuna sente-se bem no plano expressivo e literário. As letras variam entre uma ambiguidade duvidosa e um universo poético de solidão, desorientação e perda, maioritariamente ligado à temática amorosa. Ora o rapaz sente-se perdido sem a amada (“Can’t hold you down”), ora está nostálgico pelo final de uma relação (“Black Rose”), ora a relação tornou-se sufocante para ele (“I am aware”). No geral, o álbum é uma confusão de emoções centradas no lado negro sentimental, mas cantado com melodias doces acompanhadas num hard rock cansado.


Blind Zero, “The Night Before and a New Day”, 57’40’’, Universal

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