Badi Assad "Verde"





O disco “Verde” da guitarrista/cantora/compositora brasileira Badi Assad é sem dúvida um dos melhores discos surgidos no mercado nos últimos tempos. Tal não é completamente surpreendente visto que Badi Assad é fantástica em tudo o que faz no meio musical. É uma cantora de excelente nível (tem uma técnica muito elevada, sendo de realçar a sua vertente de percussionista vocal); é uma virtuosa guitarrista de topo (ganhou concursos como guitarrista e foi várias vezes consagrada nos tops das revista de guitarra internacionais – Acoustic Guitar e Guitar Player); e é uma compositora sensacional, que sabe aliar forma e expressão como poucos compositores no mercado musical internacional.
Apesar de o disco se centrar naturalmente na parte vocal e na guitarra, existe uma riquíssima variedade de outros instrumentos ao longo de “verde”, que são factores importantes de variedade musical: clarinete, flauta, violoncelo, acordeão, baixo acústico, berimbaus, caxixis, e muitos outros instrumentos de percussão.
Ao contrário do que vem acontecendo em muitos discos do mercado internacional, em “Verde” não se encontra um momento de falta de inspiração. Tudo parece brotar de uma fonte de energia poderosa, que consegue transformar as emoções diversas do quotidiano, através de refinados conhecimentos musicais ao serviço da expressividade de Badi Assad. O modo como a compositora brasileira consegue transmitir as emoções é absolutamente fantástica: a enorme sensação de sensualidade feminina da jovem “de blusinha branca”; a raiva amorosa contra a insistência sedutora do ex-namorado em “não adianta”; o sentimento de tristeza derivado da enorme sensação de distância perante alguém que foi íntimo no passado (“Estrangeiro em mim”); etc.
Mas nem sempre a expressão está acima da técnica em “Verde”. Para os apaixonados por efeitos vocais, Badi Assad compôs uma breve música – “asa branca” –, onde realiza de forma muito interessante múltiplas sonoridades com a voz.
Muito curiosas, são as versões de Badi Assad de músicas de U2 (“One”) e de Byörk (“Bachelorette”). “One” é transformado num doce e nostálgico bossa nova; “Bachelorette” vira uma espécie de tango ao estilo de Piazzolla. Um disco completo.

Badi Assad, “Verde”, 54’37’’, Deutsche Grammophon

Comentários

Unknown disse…
Oi Rui! Tens razão. É o famoso clássico nordestino, do qual ela fez um arranjo só com efeitos vocais (realmente o texto parece dar a entender que a música original é dela...).

A música é realmente do Luiz Gonzaga em parceria com Humberto Teixeira. Transcrevo-te em seguida o que ela diz sobre a própria música:
«one day i found out it was possible to produce more than one vocal sound at a time. [...] inthis arrangement i play vocal percussion at the same time that i sing the melody and play my guitar...»

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